Monday, September 18, 2023

Alberto Estima de Oliveira — O Diálogo do Silêncio / The Dialogue of Silence 45

This is by far the longest poem in this collection, and consequently it took me a while to translate it, even in the rough form below. There are three poems left to translate, and I hope to have them done by the end of the month and move on to something else.


45


um rectângulo
em termos geométricos
é um rectângulo

levantam-se as paredes
transforma-se
numa assoalhada
com ou sem tacos de madeira
azulejo ou alcatifa
ao cimo
paralelamente
no patamar da escada

lá é o limite
morada ou cóio
onde se instala
a dúvida
ou se projecta
a fuga

rebelde a solidão
mansa a madrugada
simulação
descer ou não descer
a escada
aí a opção
sair, descer
caminhar, caminhar
sem direcção
ao encontro de algo
provavelmente o nada

    e voltar

voltar sem ódio
à dita assoalhada
repousar os olhos
num recanto
num livro
na poesida da poeira
ou nas mãos
molhadas
pela chuva
ou suor
no tacto
intacto
da alma
em alvoroço

no toque
no cálice
na melodia
dos acordes
silenciosos
dos passos
desencontrados
que resvalam
nas frestas
das janelas
arestas de luz
onde é possível
reinventar
materializar
o cheiro
do fogo
na floresta

confortado em
calor da pedra lar
flui o sonho
marco polo talvez
sono, sono profundo
em viagem    sonho
na dita assoalhada

mas a viagem
onde a viagem
em que porto
em que mar
em que canoa
em que rectângulo
fechado        como
um beco
encontrarás
no tal paralelo
patamar
o eco
da tua voz.


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45


a rectangle
in geometric terms
is a rectangle

the walls rise
transform
into a room
with or without wooden floors
tile or carpet
at the top
parallel
with the staircase landing

there is a limit
home or hideaway
where doubt
settles in
or escape
projects itself

the solitude is rebellious
the dawn is still
simulation
descend or don't descend
the stairs
there's the option
leave, descend
walk, walk
aimlessly
to meet something
probably nothing

    and return

return without hate
to the so-called room
rest your eyes
in a corner
in a book
in the poetry of dust
or in hands
wet
with rain
or sweat
in the
intact
feel
of a soul
in uproar

in the bells
in the chalice
in the melody
of the muted
chords
in the missed
footsteps
that slip
through the cracks
of the windows
edges of light
where it is possible
to reinvent
materialize
the smell
of fire
in the forest

comforted in
the warmth of a stone hearth
dreams flowed
marco polo, perhaps
sleep, deep sleep
on a voyage    dreams
in the so-called room

but the voyage
where to
in which port
on which sea
in which boat
in which rectangle
closed off    like
an alleyway
you will find
on such a parallel
threshold
the eco
of your voice.

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