Showing posts with label Li He. Show all posts
Showing posts with label Li He. Show all posts

Monday, October 04, 2021

Três Exemplos da Saudade Chinesa de Li Changji

 Bom dia, leitores. Permitam-me apresentar um pequeno trabalho que escrevi em português há dois anos. Nessa altura, foi mais uma oportunidade de practicar o português escrito do que criar um trabalho académico, embora se fizesse mais pesquisas e análises rigorosas, pensaria em submetê-lo para algum jornal. Enfim, não fiz nada, e por isso agora estou a oferecer isso para vocês. Pode lê-lo também na minha página de academia.edu, onde tem um resumo em português e inglês.

DAS

 

TRÊS EXEMPLOS DA SAUDADE CHINESA DE LI CHANGJI

D.A. Smith

A saudade, este conceito de língua portuguesa frequentemente e erradamente descrito como intraduzível, tem análogos na poesia chinesa. Ou seja, a poesia da China tem formas de expressão sobre objetos de nostalgia e desejo semelhantes à saudade lusófona.  A dinastia Tang, considerada por muitos a idade de ouro de poesia na China, deu-nos o poeta 李賀 Li He (790-816), também conhecido pelo nome de cortesia 李長吉 Li Changji, que viveu uma vida amaldiçoado com doença e azar. Por várias razões a carreira na burocracia, a marca dos eruditos chineses, nunca concretizou, e Li, sempre de constituição fraca, voltou para a terra natal de Fuchang, na província de Henan, onde morreu aos 26 anos.

Dois dos poetas mais famosos da dinastia Tang, 李白 Li Bai e 杜甫 Du Fu, são respetivamente conhecidos como 詩仙, o “imortal de poesia,” e 詩聖, o “sábio de poesia.” No entanto, Li Changji é designado 詩鬼, o “fantasma de poesia,” por as suas esquisitas imagens e preocupações. Embora o apelido é bem aplicável, nos três poemas abaixos podemos ver não só alguns elementos fantásticos do poesia de Li, mas temas mais típicos  abrangidos pela saudade chinesa, nomeadamente os de viagem, velhice, e fracasso, seja pessoal ou profissional.

No âmbito do seu trabalho como funcionários, os literários chineses tinham de viajar para outras províncias, longe da terra natal e o capital. Apesar da sua breve carreira, Li Changji não foi excepção, e ele escreveu vários poemas sobre o tema de viajar. E com a viagem vem a saudade. Em “O Viajante,” Li apresenta-nos duas paisagens, uma real e outra  imaginária-histórica, na sobreposição de imagens tão comum na poesia chinesa.

客遊

悲滿千里心
日暖南山石

不謁承明廬
老作平原客

四時別家廟
三年去鄉國

旅歌屢彈鋏
歸問時裂帛

O Viajante

O coração cheio de tristeza por mil li;
o sol aquece as pedras de Nan Shan.

Não posso apresentar-me na cabana de Chengming;
quando for velho, serei hóspede do senhor de Pingyuan.

Quatro estações longe do templo ancestral,
três anos desde que saí da terra natal.

Canto frequentamente canções de viagem, batendo no punho da espada;
às vezes, numa tira de seda, mando mensagens dizendo que vou voltar.


Por um lado—o do real—vemos um viajante nas montanhas, triste e com saudades de casa; por outro lado, o do imaginário-histórico, o poeta, como se fosse um funcionário de outrora, se preocupa com a sua incapacidade de cumprir os seus deveres no corte da dinastia Han. Estes sentidos não são contraditórios mas sim complementares, o resultado de uma sensibilidade enraizada na história e literatura.

Os mil li, ou milhas chinesas, são provavelmente exagerados, se a montanha referida, 南山 Nan Shan, é uma da cordilheira 終南山 Zhongnanshan, (Frodsham, 1983) ou da 女几山 Nüji Shan (李長吉/吳企明, 2012), ambas relativamente pertos do capital 長安 Chang'an (hoje 西安 Xi'an); neste caso, a tristeza do poeta em ficar longe do capital é mais simbólico. Mas não precisa exatidão geográfica nem temporal o poeta de viajens: além de distância, Li Changji volta no tempo à dinastia Han para reforçar a profundidade das suas saudades. O 承明廬 Chengming Lu, ou Cabana de Chengming, foi o lugar onde esperavam os funcionários que queriam uma audiência com o imperador dos Han (李長吉/吳企明, 2012). Li Changji nunca alcançou uma posição tão alta na sua carreira, e aqui ele exprime claramente a resignação num contexto histórico. A referência ao “Senhor de Pingyuan” é mais uma expressão de saudade situada num contexto histórico: o dito senhor, Zhao Sheng 趙胜, foi estadista no período dos Reinos Combatentes, antes da dinastia Han, no estado de Zhao. O desejo do poeta para cumprir os deveres para um soberano, e ao mesmo tempo imaginar uma vida num outro estado (e época!), presumavelmente por falta de cumprimento e fracasso profissional, leva-nos a pensar que Li Changji era bem consciente das suas falhas, e pensava muito no que poderia ter sido, uma vida alternativa.

Seria fácil dizer que Li parece tirar o melhor das suas viagens, ou pelo menos distrair-se por cantar e pensar em voltar para casa, apesar da desilusão e muitos anos longe de terra natal, mas Frodsham assinala que “batendo no punho da espada” significa mais do que o poeta mantendo o ritmo. Feng Xuan 馮諼, um servo do Senhor de Mengchang 孟嘗君 —mais uma referência ao período dos Reinos Combatentes—expressou a insatisfação por cantar para a espada e bater no punho dela (Frodsham, 1983). Sem dúvida Li Changji conheceu esta história, e aqui ele usa-la para exprimir a saudade do viajante, entretanto dando o leitor uma imagem de alguém que talvez está mais contento com a sua sorte do que parece.

A vida maltrata o poeta numa outra maneira no poema “Balada de um Coração Ferido,” no qual Li Changji enfrenta a velhice e a solidão. Porém, aqui o poeta não funde o presente com o passado no grau que fez no outro poema, e em vez de pensar numa vida perdida parece aceitar, embora de má vontade, o seu destino.

傷心行

咽咽學楚吟
病骨傷幽素

秋姿白髮生
木葉啼風雨

燈青蘭膏歇
落照飛蛾舞

古壁生凝塵
羈魂夢中語

Balada de um Coração Ferido

Soluçando, estudando as canções de Chu
doente nos ossos, lamentando uma solidão despida.

Um rosto outonal — os cabelos todos brancos,
uma árvore de folhas que gritam no vento e na chuva.

A luz da lâmpada torna-se azul enquanto o óleo de orquídea se esgota,
no lusco-fusco esvoaçam e dançam as traças.

Nas antigas paredes acumula-se a poeira,
a alma errante fala dentro dos sonhos.


A colecção de poemas do período dos Reinos Combatentes conhecida como as 楚辭, as canções de Chu, era grande influência sobre Li, e faz sentido que ele pensasse nela, sozinho no estúdio, enfrentado pela doença e prematura velhice (lembra-se que Li morreu  aos 26 anos): como todo mundo, nos momentos difíceis ele procura qualquer alívio e significado que pode obter. A solidão e a doença imobilizam o poeta, que tem de conhecer a futilidade de reclamar; mas como a árvore a qual ele se compara, ele recusa de ficar em silêncio, pois é contra a sua natureza. A expressão da miséria não é um grito audível, mas sim um poema em que Li pode traçar a forma da sua saudade.

E é saudade, saudade chinesa, não só lamentação. Ao mesmo tempo que Li sofre amargamente no meio de um estúdio decadente—presumivelmente localizado na casa ancestral—ele faz-nos um quadro em que a decadência não é defeito mas sim a própria  coisa que permite o poeta entender e aceitar o seu sofrimento. Li, como o “fantasma de poesia,”  valoriza muito a dimensão estética de cenas sombrias como estas, e a decrepitude do estúdio reflete o estado do corpo e da alma do poeta. Esta combinação de angústia e apreciação estética dá origem a uma experiência que ultrapassa mera tristeza e, no âmbito poético, torna-se saudade.

Na “Canção de Afastar Aflições, escrita ao pé de Huashan,” Li tenta confrontar o seu fracasso profissional com reflexões na história, bem como o apoio do álcool e um bom conselho, dado por alguém que entende bem as vicissitudes da vida.

開愁歌華下作

秋風吹地百草乾
華容碧影生晚寒


我當二十不得意
一心愁謝如枯蘭

衣如飛鶉馬如狗
臨岐擊劍生銅吼


旗亭下馬解秋衣
請貰宜陽一壺酒

壺中喚天雲不開
白晝萬里閒淒迷

主人勸我養心骨
莫愛俗物相填豗


Canção de Afastar Aflições, escrita ao pé de Huashan

O vento de outono sopra nas ervas brancas e secas
Huashan parece que uma sombra azul-esverdeada, nascida do crepúsculo frio

Aos vinte anos, não atingi o meu objetivo
todo o coração triste, murcho como uma orquídea seca

Minha roupa como plumas de cordoniz, meu cavalo como um cão
chegando a um caminho bifurcado, bato na espada, produzindo um rugido de bronze

No pavilhão de bandeiras, desmonto do cavalo e tiro o manto de outono
na esperança de o empenhar para um jarro de vinho de Yiyang

Dentro do jarro, grito ao céu, mas não se afastam as nuvens
Na branca madrugada, mil li se estendem, frios e obscuros

O taberneiro me encoraja a nutrir o coração e os ossos
e não ressentir-me do clamor do mundo vulgar

Frodsham diz-nos que no 荀子 Xunzi, a antiga colectânea filosófica, há uma referência  a um erudito chamado 子夏 Zixia, que era tão pobre que a roupa parecia a plumagem de cordoniz (Frodsham, 1983) Li Changji, mil anos depois, comisera-se com ele. Procurando alívio de novo, Li está disposto a vender o manto, em pleno outono frio, para comprar vinho. Yiyang, de onde origina o desejado vinho, é o nome antigo do condado onde estava localizada a terra natal do poeta, e podemos ver no desejo dele para um produto familiar uma prova da importância de lugares específicos, especialmente a terra natal. A saudade ocidental também invoca lugares concretos—todo mundo conhece, por exemplo, a importância de Lisboa para o fado, a música que personifica a saudade na imaginação popular—assim como a saudade chinesa. Em ambos os casos, o concreto funde-se com o imaginário, produzindo um efeito fortamente visual, quase irreal, que é uma marca de saudade de qualquer tipo.

 Além das paisagens—mas sempre em relação a eles—as estações do ano desempenham um papel importante na poesia chinesa, com o outono sendo a estação de mudança, perda, e morte, sobrecarregando pessoas com 悲秋, a “tristeza do outono.” Li Changji refere-se à estação várias vezes na sua poesia, e nos exemplos aqui tratados temos um auto-retrato descrito em termos outonais (“Balada de um Coração Ferido”) e uma paisagem de outono, cheio de imagens de decadência natural e pessoal na “Canção de Afastar Aflições.” Neste último poema, o poeta eleva a melancolia e desolação de outono para o nível de saudade através da sobreposição de imagens visuais e sentimentos subtis, alguns dos quais refletem um desejo de libertar-se do mundo material. A “viagem” dentro do jarro de vinho ultrapassa um mero episódio de embriaguez e torna-se uma tentativa de afastar não só a melancolia do poeta, mas a saudade com que a paisagem outonal está carregado. Naturalmente, ele falha suficientemente nesta tarefa que o taberneiro lhe oferece concelhos intemporais sobre o comportamento perante um mundo cruel e grosseiro; tendo em conta a idade do poeta na hora da morte, e a produção contínua de poesia saudadosa até a morte, dir-se-ia que Li Changji não ouviu o dono da cantina.

Temas relacionados à saudade são numerosos na poesia chinesa, e a obra de Li Changji não é excepção. Mas Li, como vemos aqui, contribui para um aprofundamento do conceito pelo uso de imagens e ambientes fora do comum. Outros viajantes ou funcionários de carreira falhada, escrevendo sobre as suas tribulações, poderia fazer referências mais típicas do que Li, que revela em estranheza: falando não apenas de um tempo antigo, mas imaginando-se viajar daquela época para outra; olhando-se como uma árvore esquelética fustigada pelas tempestades; e vivendo numa casa em decadência, no meio de poeira e traças e assombrado por uma alma (魂 hun, que na filosofia chinesa é uma de duas almas, e que pode viajar fora do corpo) que interrompe os sonhos.

No poema “Sonho Oriental,” o poeta português Antero de Quental apresenta ao leitor imagens de uma ilha situada num Oriente mítico, onde o poeta é rei. Sem fazer comparações demasiadas profundas, podemos pensar nisso como análogo ocidental da saudade chinesa de Li Changji. Para Quental, o Oriente simboliza uma vida livre de dores e angústia; Li, que vive no Oriente concreto, idealiza o passado pelas mesmas razões. Para Li, viajar é uma fonte de descontentamento; Quental viaja de bom vontade para a sua ilha imaginária. E o Oriente de Quental está cheio de luxo, enquanto que Li, escrevendo de um estúdio lúgubre, não pensa num mundo imaginário mas fica, mesmo deleita, na melancolia de realidade. Ambos os poetas têm a própria saudade, mas aqui podemos ver que a saudade de Li fica firmamente enraizado no real, apesar de sua reputação pela estranheza.

Este combinação do real e do imaginário ou (im)possível faz parte da saudade, elevando-a além de tristeza ou nostalgia. Estes três poemas de Li Changji representam algumas facetas da saudade como é manifestado não só na poesia chinesa em geral, mas na obra de um dos mais idiossincráticos poetas da dinastia Tang. A poesia de Li mostra-nos a maneira como um sentimento como a saudade pode ser expressado em formas estranhas e desconhecidas, mesmo num meio tipicamente visto como regulamentado e fortamente dependente nas formas e temas poéticas antigas. E assim é ampliado a nossa entendimento da saudade, além de uma emoção ligada somente à língua e cultura portuguesas. Pois se Li Changji pode passar pelos rigores de viagem, as derrotas profissionais, e a sombria realidade de envelhecer, e expremir na sua poesia sentimentos quase idênticos à saudade ocidental que tais desafios da vida incutiu na sua alma, devemos reconhecer que há na poesia da China a saudade, e que o Fantasma de Poesia é uma das vozes dela.


Referências Bibliográficas

Frodsham, J.D. Goddesses, Ghosts, and Demons: The Collected Poems of Li He (Li Changji, 790-816). San Francisco; North Point Press, 1983.

李賀 (autor) e 吳企明 (anotações). 李長吉歌詩編年箋注. Beijing; 中華書局 Zhonghua Shuju, 2012.




Monday, January 14, 2019

李長吉的“傷心行” / Li Changji's "Ballad of a Wounded Heart"

Here's another quick translation of a Li Changji poem. I don't have a lot to say about it, not because there's not much to say, but because I'm in a bit of a hurry and don't feel like writing a whole lot at the moment. So it's up to you, dear reader, to read the poem and mull it over. Chew it slowly, let the flavors of gloom, decay, and wistfulness meld on your tongue, and enjoy.

微臣
史大偉


傷心行
李賀 (李長吉)

咽咽學楚吟
病骨傷幽素
秋姿曰髮生
木葉啼風雨
燈青蘭膏歇
落照飛蛾舞
古壁生凝塵
羈魂夢中語


Ballad of a Wounded Heart
Li He (Li Changji)

Choking back sobs, studying the Songs of Chu
sick to my bones, lamenting my bare solitude

An autumnal visage—hair gone white
a tree whose leaves cry out in the wind and rain

The lamplight goes blue as the orchid oil runs dry
moths flutter and dance in the failing light

The old walls grow thick with dust
The wandering soul speaks in my dreams

Sunday, January 06, 2019

李長吉的“客遊” / "The Traveler" by Li Changji

大家好!

Welcome to MMXIX C.E. The world remains weird, perilous, and uncertain, rife with human awfulness and beauty. In short, it's a fitting time to revisit our old pal 李賀 Li He, AKA 李長吉 Li Changji, the 詩鬼 Ghost of Poetry (as opposed to 李白 Li Bai, the 仙詩 Immortal of Poetry, or 杜甫 Du Fu, the 詩聖 Sage of Poetry). Of course, as a fan of weirdness, I'm always up for reading Li He.

The following poem isn't particularly weird, alas. I'd go so far as to say it's pretty straightforward by Li's standards—i.e., the references are a bit obscure, but the imagery and theme are clear. However, there's a pleasant degree of emotional ambiguity that gives the poem more depth than it initially seems to have.

Brief notes, all of which come from the indispensable J.D. Frodsham or 李長吉歌詞編年箋注—the annotated collection from which I took the Chinese text— are below the poems. Enjoy, and happy new year, folks!

微臣
史大偉

-----

客遊
李賀 (李長吉)

悲滿千里心
日暖南山石
不謁承明廬
老作平原客
四時別家廟
三年去鄉國
旅歌屢彈鋏
歸問時裂帛


-----

The Traveler
Li He (Li Changji)

A heart full of sadness for a thousand li;
the sun warms the stones of Nan Shan.

I can't present myself at the Chengming Hut;
When I'm old, I'll be a guest of the lord of Pingyuan.

Four seasons away from my ancestral temple;
three years since I left my hometown.

I often sing traveling songs, beating on the hilt of my sword;
sometimes, on a strip of silk, I send word that I'll come home.


-----


Notes:

The 里 li, a standard Chinese measure of distance, is roughly 1/3 of a mile. 南山 Nan Shan is probably located either in the 終南山 Zhongnan Mountains (Frodsham) or, as the annotators in my collection believe, the 女几山 Nüji Mountains (better known these days as 花果山 Huaguoshan). None of these mountains is very far from the Tang capital of 長安 Chang'an, known today as 西安 Xi'an.

The 承明廬 Chengming Hut (Frodsham calls it a "lodge," which sounds better, but everything I read points to "hut"; I wonder what it actually looked like) is where officials waited for an audience with the emperor during the Han dynasty. The 平原 Lord of Pingyuan was the famous statesman 趙胜 Zhao Sheng, from the Warring States-era state of 趙 Zhao. I'd say that Li's mention of seeking refuge in Zhao, which predates the Han dynasty, might be considered weird even by the standards of the classical Chinese love of historical reference, since you can read it as a double layer of nostalgia—or, if you prefer, time travel! The seemingly contradictory "four seasons/three years" chronology is odd, too.

As for Li's messages home, Frodsham notes that "[l]etters were sometimes written on strips of silk"—a cool image indeed.



Wednesday, September 07, 2016

李長吉的 ”龍夜吟" / Li Changji's "Dragons at Night"

Once more I return to 李長吉 Li Changji, AKA 李賀 Li He. This poem was particularly difficult: it's somewhat longer than what I'm used to, and I made the mistake of reading a lot of characters according to their modern, or sometimes merely different (in classical Chinese terms), usage. Fortunately, J.D. Frodsham's translation was there to put me on the right track, only for me to deviate from it when I felt doing so benefited the translation.

Some notes on the poem follow, but first I want to discuss the title. Frodsham's "Song: Dragons at Midnight" works well enough in the context of his naming convention for Li's poems, but 夜 encompasses more than just midnight, and I can't imagine beginning a recital of this, or any, poem with a phrase dependent on a colon. Since Li has a considerable number of poems that he refers to as "songs" (喑, 曲, 歌, 樂) because they're probably meant to accompany popular tunes of his day, I've opted to put that element of the title aside. Doing so raises the issue of just how musical my translation is, or rather isn't, but I'm more concerned with conveying the poem's palpable feeling of being trapped by emotion and environment.

By the way, today (September 7) is Camilo Pessanha's birthday. I don't know if he ever read Li Changji, but I suspect he would've liked his work immensely.

Enjoy, dear reader/看官/caro leitor!

微臣
史大偉

-----


李長吉
龍夜吟


鬈發胡兒眼晴綠,高樓夜靜吹橫竹
一聲似向天上來,月下美人望鄉哭
直排七點星藏指,暗合清風調宮徵
蜀道秋深雲滿林,湘江半夜龍驚起
玉堂美人邊塞情,碧窗皓月愁中聽
寒砧能搗百尺練,粉淚凝珠滴紅綫
胡兒莫作隴頭吟,隔窗暗結愁人心


Li Changji
"Dragons at Night"



A curly-haired foreign boy, green-eyed
Plays the flute in the still night amidst tall buildings

Each note approaches the heavens
In the moonlight, beautiful women long for home, weeping

Lined up across seven holes, fingers conceal stars
Unnoticed, gong and zhi notes merge with the cool breeze

On the road to Shu, deep autumn, forest thick with clouds
At midnight dragons rise from the Xiang river, startled

For beautiful women the imperial harem feels like a frontier fortress
Bright moonlight through jade windows, gloom in the audience hall

A hundred feet of silk beaten upon cold blocks
Tears form pearls on face-powder, drop onto red thread

There are no foreign boys to play the hilltop song
Behind dark lattice windows, somber hearts bound together

-----

What I've translated as "foreign", 胡, is used to describe Turkic peoples from west and north of China. 宮徵 Gong and zhi are the first and fourth notes, respectively, of the pentatonic scale, which wouldn't have taken so long to find out if I'd bothered to read Frodsham's notes sooner. 蜀 Shu is one of the Three Kingdoms, about which there's been a certain well-known romance written; it's also the abbreviation for its present-day descendant, 四川 Sichuan province. The Xiang river runs through 湖南 Hunan province, and 湘 is the abbreviation for Hunan.

玉堂, literally "jade hall", showed up in one dictionary as "imperial harem", which seemed a fitting counterpoint to 邊塞, "frontier fortress" - I read a lot of uneasy relationships between people (especially women) and architecture in this poem. The bit about silk and blocks refers to the fulling of cloth; Frodsham says "the sound of silk being beaten on the fulling-blocks in autumn, to make winter clothes, is a familiar symbol of parting and sorrow." He also calls 隴頭吟 the "Long-tou tune" without explaining what "Long-tou" might mean. I've chosen to translate it as "hilltop" because 隴 can mean hillock or mound (or even "burial mound"), and 頭 head or top. Of course, that doesn't help if one wants to know what the "hilltop song" is.

I've made the decision to treat most of those referred to in the poem in the plural, rather than as individuals. Doing so deepens the poem's wistfulness, and makes sense in the context of the imperial harem and its occupants. While this poem's far from uplifting, it's definitely given me a better appreciation of Li's skill. There's a lot going on here, and one day I'll understand more of it.




Tuesday, November 17, 2015

李長吉的 "仙人" / Li Changji's "Immortals"

Time for another 李賀/李長吉 Li He/Li Changji poem. I haven't decided which name to use, because he's better known in the West by his given name (Li He), but Li Changji, his courtesy name, seems more common in Chinese texts.

As far as annotation goes, this poem doesn't require a whole lot. J.D. Frodsham, citing a Chinese commentator, says that the poem is mocking the so-called immortals (in this case, Taoist alchemists peddling longevity elixirs and the like) that thronged to the court of 唐憲宗 Emperor Xianzong of the Tang dynasty, who ruled during Li He's lifetime. True immortals, i.e., Taoist recluses in pursuit of a more philosophical/spiritual "immortality", would not bother with such things. The mentions of Emperor Wu, who ruled some eight hundred years earlier and was similarly preoccupied with immortality, and peach blossoms, which are related to the Peaches of Immortality, serve as thinly veiled jabs at the absurdity and fraud afoot in Xianzong's court, in the oblique way so common to classical Chinese. The simurgh (or luán) is a mythical bird, not unlike the phoenix (and often associated with it; 鸞鳳 can mean "husband and wife").

By the way, I was pleased to find more of Li He's poetry discussed on one of my favorite blogs, Essays in Idleness (which takes its name from a compelling medieval Japanese book, the Tsurezuregusa, which I highly recommend). Check it out, along with Doug's other writings on Buddhism, Dune, Japanese culture, and language-learning.

Enjoy!
微臣
史大偉



仙人
李賀

彈琴石壁上,翻翻一仙人
手持白鸞尾,夜掃南山雲
鹿飲寒澗下,魚歸清海濱
當時漢武帝,書報桃花春


"Immortals"
Li He

Plucking a zither, an immortal flies above the rocky cliffs
Clutching a simurgh's white tail feathers, by night he sweeps clouds from South Mountain
Deer drink from the cold stream below, fish return home to the sea's clear shore
But in the past Emperor Wu of Han received word of the spring's peach blossoms



Friday, October 30, 2015

兩首詩: 李長吉的 "巫山高" 與 "秋來" / Two poems: Li Changji's "The Lofty Wu Mountains" and "Coming of Autumn"

I don't remember where I first read about the Tang dynasty poet 李賀 Li He, also known by his courtesy name of 李長吉 Li Changji. Odds are it was on Wikipedia, where he's referred to as the "Ghost of Poetry", or 詩鬼, for his strange imagery and unconventional style. It took a while for me to get around to reading some of his work, which is unfortunately, but somewhat understandably, under-represented in English translation. What little I've read has been as weird and obscure as it was made out to be.

Below are two of Li's poems and my translations thereof. The first was chosen because I got excited by the title: 巫 means "witch" or "wizard", but it turns out that 巫山 Wushan is the Wu Mountains, which encompass one of the gorges that make up the Three Gorges along the Yangtze River. I like to pretend that the mountains got their name from an unusually large sorcerer population in the past. I translated the second poem because it's autumn, or what passes for autumn here.

 The Chinese text comes from the two-volume 李長吉歌詩編年箋注, which contains annotations and notes for what I think are all of Li's poems; I owe much of my translations' accuracy, such as it is, to the 1983 edition of J.D. Frodsham's excellent Goddesses, Ghosts, and Demons: The Collected Poems of Li He, which also annotates Li's poetry, albeit in a manner better suited to Western readers lacking a background in classical Chinese poetry, history, and mythology (e.g., yours truly). Many of my own notes on the poems are based on Frodsham's annotations.

 When it comes to dictionaries, I consistently rely on 梁實秋 Liang Shih-Chiu's 遠東漢英大辭典 Far East Chinese-English Dictionary, the MDBG Dictionary, and Paul W. Kroll's A Student's Dictionary of Classical and Medieval Chinese, all of which are indispensable for various reasons.

I hope y'all enjoy these, even though I have some serious doubts about the quality of the translations, and that you're having a good autumn. Happy Halloween!

******

巫山高
李長吉

碧叢叢,高插天,大江翻瀾神曳煙
楚魂尋夢風颸然,曉風飛雨生苔錢
瑤姬一去一千年,丁香筇竹啼老猨
古祠近月蟾桂寒,椒花墜紅溼雲間

"The Lofty Wu Mountains"
Li Changji

Tall blue-green masses pierce the sky
The great river tumbles along, mist trailing behind spirits

The soul of Chu's king seeks a dream in the cool breeze
The dawn wind brings rain and life to the moss

The Jade Concubine left a thousand years ago
Among the cloves and bamboo old gibbons wail

The old shrine is near the moon-toad's frozen cassia tree
Sichuan pepper flowers fall red and wet among the clouds


Notes: The King of 楚 Chu once spent the night with 瑤姬, the Jade Concubine, who is the female spirit of 巫山 the Wu Mountains. The moss mentioned, 苔錢, is coin-shaped, but it sounded weird to include that. Gibbons signify loneliness, and the shrine is ostensibly dedicated to 瑤姬. The moon-toad is a Chinese equivalent of the man in the moon, though I'm not sure what it has to do with the cassia (cinnamon) tree- maybe the tree has ties to the moon in Chinese folklore. Anyone who's had Sichuan (AKA Szechuan) food is familiar with the 麻 numbing flavor of the Sichuan peppercorn.

*****

秋來
李長吉

桐風驚心壯士苦
衰燈絡緯啼寒素
誰看青簡一編書
不遣花蟲粉空蠹
思牽今夜腸應直
雨冷香魂書客
秋墳鬼唱鮑家詩
恨血千年土中碧

"Coming of Autumn"
Li Changji

Wind in the tung trees rouses this scholar from bitter thoughts
As the lamplight wanes and katydids drone dully in the cold.

Who will read even a single green strip of this book
If I can't get rid of the colorful bugs that turn its pages to dust?

Thinking should straighten out my twisted feelings tonight.
In from the cold rain, a perfumed wandering soul consoles me.

Among autumnal graves spirits chant Bao's poem.
A thousand years in the earth, the blood of the resentful becomes jade.


Notes: The seeds of tung trees are the source of tung oil, which is used in wood finishes and oiled paper umbrellas. I'm not sure if katydids survive the winter, but there's really no mistaking 寒 for anything other than "cold" in this context. The strips referred to are the pieces of bamboo that were bound together to form books before paper became prevalent; the bugs Li mentions are probably bookworms of some sort, but the use of 花 as a descriptor leaves me baffled as to their precise nature. The "wandering soul", or 魂, is one of two souls found in traditional Chinese beliefs, the other being the 魄, which is tethered to the body. Frodsham thinks that it being 香 "perfumed" means it's a feminine spirit, which makes sense in this context, but I don't know if Li means an actual supernatural being or is being poetic about a living woman. Frodsham says that 鮑 Bao is 鮑照 Bao Zhao, whose poem 代蒿里行 is referenced here (I know nothing about it, though that may change). The image of blood turning into jade, sayeth Frodsham, is a reference to a story in Zhuangzi 莊子, the famous Daoist text (parts of which I've read, but this rings no bells).

If any of the allusions or references pique your interest and you'd like to know more, drop me a line, because odds are I feel the same way, and I'd be happy to do a little research.