A fine translation by Richard Zenith of this poem can be read here.
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"Camões dirige-se aos seus contemporâneos"
Jorge de Sena
Podereis roubar-me tudo:
as ideias, as palavras, as imagens,
e também as metáforas, os temas, os motivos,
os símbolos, e a primazia
nas dores sofridas de uma língua nova,
no entendimento de outros, na coragem
de combater, julgar, de penetrar
em recessos de amor para que sois castrados.
E podereis depois não me citar,
suprimir-me, ignorar-me, aclamar até
outros ladrões mais felizes.
Não importa nada: que o castigo
será terrível. Não só quando
vossos netos não souberem já quem sois
terão de me saber melhor ainda
do que fingis que não sabeis,
como tudo, tudo o que laboriosamente pilhais,
reverterá para o meu nome. E mesmo será meu,
tido por meu, contado como meu,
até mesmo aquele pouco e miserável
que, só por vós, sem roubo, haveríeis feito.
Nada tereis, mas nada: nem os ossos,
que um vosso esqueleto há-de ser buscado,
para passar por meu. E para outros ladrões,
iguais a vós, de joelhos, porem flores no túmulo.
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"Camões Addresses His Contemporaries"
Jorge de Sena
You can take everything from me:
ideas, words, images,
and even metaphors, themes, motifs,
symbols, and superiority
in the pains of a new language,
in understanding others, in the courage
to fight, judge, penetrate
the recesses of love that neuter you.
And later you can not quote me,
suppress me, ignore me, even praise
other, happier thieves.
None of it matters: your punishment
will be terrible. Not just when
your grandchildren don't even know who you are,
but know me even better
than you pretend not to,
and every last thing you dutifully stole
will revert to my name. Every small, petty thing
that you did not steal but did on your own
will be mine, taken as mine, counted as mine.
You'll be left with nothing at all: not even your bones,
for if your skeleton is found
it will be passed off as mine, so that other thieves
like you can kneel and lay flowers on my tomb.
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