Segue abaixo um poema meu escrito em português neste tempo de peste. Peço desculpa pela minha falta de domínio dessa língua, mas espero que você, caro/a leitor/a, possa tirar alguma coisa significativa do poema.
"Na rua"
Sempre ouvi dizer que
em tempos de peste
não há ninguém na rua,
que a vida cotidiana
dos peões acaba subitamente,
como caísse um véu de luto
em todas as casas
e os seus habitantes
teria ficar dentro,
chorando e rezando
para o mundo como era
antes da peste
ou o mundo vindouro.
Mas parece-me que
não ouvi bem,
visto que vejo na rua
as multidões, armadas
com cães, bebês,
bicicletas, telemóveis,
sacos de comida, cervejas,
com máscara, sem máscara,
os rostos coloridos
com preocupação,
alegria, resignação,
falta de atenção,
medo meio disfarçado.
Não se engane, pá,
sou parte, pelo menos
às vezes, dessas multidões,
de bicicleta ou a pé,
fazendo compras semanais,
a vigiar o comportamento
dos vizinhos,
de saco cheio com as paredes
que estão a
aproximar-se de mim,
desejoso de viver,
apesar dos riscos,
na rua.
8 de abril 2020
No comments:
Post a Comment