In celebration of International Women's Day, here's a translation of Judith Teixeira's "Os Meus Cabelos". As a longhair myself, I really like how Teixeira revels in her locks.
Enjoy, folks.
Abraço,
DAS
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"Os Meus Cabelos"
Judith Teixeira
Doirado, fulvo, desmaiado
e vermelho,
tem reflexos de fogo o meu cabelo!
Neste conjunto diverso,
quando me vejo assim, ao espelho,
encontro no meu todo, um ar perverso...
Gosto dos meus cabelos tão doirados!
E enterro com volúpia
os dedos esguios,
por entre os meus fios
d'oiro, desgrenhados,
revoltos e macios!
Fico às vezes a ver-me e a meditar
admirada,
nesse oiro fulvo e estridente
da minha cabeleira desmanchada,
que tão bem sabe exteriorizar,
o meu ser estranho e ardente...
Há sol, outono e inverno,
brilhos metálicos, poente,
a chama do próprio inferno,
no meu cabelo igual ao meu sentir!
— E eu fico largo tempo a contemplar,
a cismar
e a sorrir,
ao meu perfil incoerente
e singular...
Maio — Entardecer
1922
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"My Hair"
Judith Teixeira
Golden, tawny, pale,
and red,
there are reflections of fire in my hair!
In this varied assembly,
when I see myself like this in the mirror,
there's an air of perversity to the whole of me.
I like my tresses, so golden!
And I sensuously bury
my slender fingers
among these gilt
strands of mine, unkempt,
wild, and soft!
Sometimes I look at myself and ponder,
admiring
the tawny, brassy gold
of my hair when it's down,
hair that knows so well how to externalize
my strange, fierce being...
In my hair and my feelings alike
there is sunlight, autumn and winter,
metallic glints, sunsets,
the flames of hell itself!
— And I spend a long time contemplating,
brooding over
and smiling at,
my inconsistent and singular
profile...
May — Sunset
1922